segunda-feira, 9 de março de 2009

Natal 2008

Natal é o arremate do calendário, a compensação por tanto trabalho, o prêmio pelo bom comportamento, a hora de colocar uma roupa bonita e ter algum desejo atendido, a hora de comer umas delícias diferentes, de rezar, de acreditar em todos os sonhos. Finalmente quando chega o dia 24 é hora de esperar Papai Noel.

Mal entra dezembro e com ele, trovoadas, os shoppings lotados, o trânsito entope, os filhos pedem coisas caríssimas e ganham antes mesmo da noite feliz. Comprar, comprar, comprar. Você, meio sem grana, faz o que pode. Os outros, meio sem nada, as pessoas fazem que não vêem. Mas eles estão entre nós: crianças pedindo um lápis, um colchão de presente, sonhando com o primeiro iogurte de suas vidas. E a gente voando de um lado para o outro, sem tempo pra eles.

Ao menos este dezembro insensato, ansioso, consumista, ateu, que dura 24 dias febris, onde todos correm, todos estão atrasados, todos têm compromissos inadiáveis, desejamos que todos se atenham ao espírito da coisa.

Antes de começar a contagem regressiva para o próximo, temos hoje. Temos este hiato, o dia 25. Um feriado, uma quinta, uma trégua. No natal, ande a pé, no máximo de bicicleta. Fale mais pausadamente. Não ligue a TV, prometa. Natal é dia de caminhar devagar, de chinelo ou pés descalços. Dia de olhar bem fundo nos olhos do porteiro, do motorista de ônibus, do garçon que está trabalhando, e desejar a eles um feliz Natal pra valer. Com sentimento. Um sentimento que não seja medo nem angústia.

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