domingo, 21 de dezembro de 2008

retrospectiva 2008

2008 “foi” um ano fantástico, praticamente um “ano luz”, tudo parece que foi ontem... Conheci pessoas incríveis e outras terríveis. Aprendi que caráter é a mais importante das virtudes, haja vista beleza ou o caralho a quatro, ou um ou outro, quem não tem caráter não merece fazer parte da minha biografia!
Agora dei pra me emocionar cada vez que falo dos amigos. Deve ser a idade, dizem que a gente fica mais sentimental. Mas é fato: quando penso no que tenho de mais valioso, os amigos aparecem em pé de igualdade com o resto da família. E quando ouço pessoas dizendo que amigo, mas amigo meeeesmo, a gente só tem dois ou três, empino o peito e fico até meio besta de tanto orgulho: eu tenho muito mais do que dois ou três. São uma cambada.Há sempre algo sublime no ar entre dois amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra. Afeto, certamente. Cumplicidade? Mais do que cumplicidade. Sintonia?Oh, céus! Santa pieguice, Batman! Amor? Esta lengalenga de novo? Sério, só mesmo amando um amigo para permitir que ele se atire no seu sofá e chore todas as dores dele sem que você se incomode nem um pingo com isso. Só mesmo amando para você confiar a ele o seu próprio inferno. Lembram Vinícius de Moraes? “ Eu poderia suportar, ainda que não sem dor, que morressem todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos” Alguns amigos se foram cedo, antes do que a gente esperava... Meu caro amigo me perdoe, por favor se eu não lhe faço uma visita. Meu caro amigo eu não pretendo provocar nem atiçar suas saudades, mas acontece que não posso me furtar a lhe contar as novidades: Aqui na terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock'n'roll. Uns dias chove, noutros dias bate sol. Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta. Muita mutreta pra levar a situação, que a gente vai levando de teimoso e de pirraça. E a gente vai tomando e também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão. É pirueta pra cavar o ganha-pão, que a gente vai cavando só de birra, só de sarro. E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro ninguém segura esse rojão.”(Chico Buarque)
Temos que passar pela primavera, pelo verão, pelo Natal, pelo Ano-Novo, pelo Carnaval, pela Páscoa e ainda entrar no outono e no inverno... Sou uma mulher planejada, mas não consigo me antecipar tanto assim aos fatos. É bastante provável que eu esteja viva em maio de 2009, mas não posso garantir que não estarei envolvida com um problema de família, ou com uma viagem marcada para o Exterior, ou com uma dor-de-cotovelo gigantesca, daquelas que nos jogam na cama e nos fazem esbravejar diante da palavra Alegria. Ok, tudo desculpa esfarrapada, mas a verdade é que não quero deixar nada agendado para o ano que vem. Deve ser coisa da idade, claro. Quero parar o tempo, e não ser empurrada lá pra frente.
Fico imaginando que casais de namorados que compraram pacotes de viagem de carnaval três meses atrás (quando um cartão de crédito fez uma tentadora promoção) talvez não estejam mais juntos ano que vem. Mas estarão no mesmo barco, rosnando educadamente um para o outro. Mulheres que compraram o ingresso em julho passado para o Circo de Soleil ano que vem, talvez tenham engravidado logo depois e estejam saindo da maternidade no dia do espetáculo. Algumas pessoas terão, neste meio tempo, recebido uma proposta de emprego, só que em outro Estado. Alguns poderão estar passando por dificuldades financeiras e acabarão vendendo seus ingressos na entrada, feito cambistas. Vá saber como estará sua vida ano que vem.

Acredito nas voltas do mundo, nas surpresas que nos aguardam, na velocidade das mudanças. Isso me impede de agendar compromissos com tanta antecedência, pois daria a entender que tenho controle sobre meu destino, e não tenho, ninguém tem. Não me comprometo com eventos profissionais muito longe do meu hoje, não reservo mesa em restaurantes da moda que possuem uma fila de espera de semanas, não compro bilhetes de viagem para datas que não possam ser anotadas na agenda que estou usando agora.

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