terça-feira, 12 de maio de 2009

... Libera a vaga!

O homem da minha vida eu acho que encontrei, tem nome e é de carne e osso, ele também gosta de mim. Agora falta encontrar alguém com quem possa me relacionar. O homem da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele. Não basta que a gente se queira. Não presta que ele venha me visitar e mate minhas saudades e fuja correndo com as pernas bambas e um bumbo no peito que bate inseguranças e frustrações passadas e medos. Não me importa que eu esqueça meu nome depois, que me perca num oco. Não basta que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade média, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco do apartheid, o Feitiço de Áquila. Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca. Tenho fascínio pelo plutão que ele habita e ele vive intrigado por minha Vênus, mas quando eu falo vem, ele entende vai. O desacerto é de lascar, não há cama que resista a tantas diferenças, um dia a cama cai.
Eu decidi que não quero mais o homem da minha vida ocupando o lugar do homem da minha vida. Peço então que libere a vaga! Eu to falando com você que se instalou feito um posseiro dentro do meu coração. Faça o favor de desinstalar, xô! Há de haver um homem bom me esperando em alguma esquina desse mundo. Um homem que aprecie o meu carinho e goste do meu jeito, fale minha língua e queira cuidar de mim. As qualidades podem até variar, mas os interessados, se houver, vou avisando: existem defeitos que considero indispensáveis.
Meu amor tem de ter uns certos ciúmes, reclamar quando eu precisar viajar pra longe. Pode se meter com minha roupa, com o corte de cabelo e achar que sou distraída e não sei dirigir. Quando ficar surpreso que cheguei até aqui sem ele, afirmarei sem ironia, que foi mesmo por um milagre.Esse homem tem que querer nosso lar impecável. Deve me buscar no trabalho e me levar pra casa, nada de madrugadas na rua! Desejo enfim, que meu amor me reprima um pouco, mas com muito respeito e que me tolha as liberdades, esse vôo alucinante e sem rumo tem me dado um cansaço danado.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade.
Pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais.
Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer
não derramo uma lágrima.

Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz. Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto mais. Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo. Nem eu sou o que penso que eu sou. Nem nós o que a gente pensa que tem.

Prefiro os dias porque me iluminam quando nasce o sol. Trabalho sem salário e não entendo de economizar. Nem de energia. Esbanjo-me até quando não devo e, vezes sem conta, devo mais do que ganho. Não acredito em duendes, bruxas, fadas ou feitiços. Não vou à missa. Nem faço simpatias. Mas, rezo pra algum anjo de plantão e mascaro minha fé no deus do otimismo. Quando é impossível, debocho. Quando é permitido, duvido.

Eu bebo porque às vezes não me aceito sóbria, fumo pra enganar a ansiedade e não aposto em jogo de cartas marcadas. Penso mais do que falo. E falo muito, nem sempre o que você quer saber. Eu sei. Gosto de cara lavada — exceto por um traço preto no olhar — pés descalços, nutro uma estranha paixão por camisetas velhas e por tatuagens grandes.

Mas há uma mulher em algum lugar em mim que usa caros perfumes, roupas importadas e brilho no olhar, quando se traveste em sedução.

Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores mas, não raro, sofro de timidez. E note bem: não sou agressiva, mas defensiva. Impaciente onde você vê ousadia. Falta de coragem onde você pensa que é sensatez.

Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. Estranhos desertos. E, ignorando todas as regras, todas as armadilhas dessa vida urbana, dessa violência cotidiana, se você me assalta, eu reajo.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

04 de maio

“Procedíamos de galáxias diferentes, como dois cometas que se cruzam efemeramente no espaço. Ele queria me viver até me esgotar, que nos enchêssemos de compromisso de eternidade até as orelhas. Eu fui avarenta, me neguei a ele, afastei-o de mim.Quanto mais ele me exigia, mais me sentia asfixiada, e, quanto mais me regateava, mais ansiosamente ele queria me segurar. Se ele se retirava, eu avançava e então o perseguia e o exigia: porque o amor é um jogo perverso de vasos comunicantes.”

Tudo pode dar certo e tudo pode dar errado, o que transforma nossa vida amorosa em um melodrama é a diferença de necessidades. Um quer compromisso sério, para o outro, amar já é sério o suficiente. Um quer uma casinha no meio do mato, o outro é curioso e precisa de cinema, teatro e gente... mas os dois gostam de dançar!
Um quer se sentir o centro do universo, o outro quer incluí-lo em seu universo. Um quer fugir da solidão, o outro a aceita. Um não quer falar de suas dores, o outro pergunta demais. Um não precisa conhecer o mundo, o outro traz o mundo em si. Um é romântico para disfarçar a brutalidade, o outro é doce para despistar a secura. Um quer muito de tudo, o outro se contenta com o mínimo essencial. Um fica inseguro, o outro diz que nada disso importa, MAS CLARO QUE IMPORTA!
Um quer atenção 24 horas por dia, o outro, precisa que lhe esqueçam por alguns instantes. Um quer ir embora, mas ao mesmo tempo, não. O outro quer liberdade, mas a dois. Então um vai e deita em todas as camas sofrendo, o outro mergulha sozinho no mundo, sobrevivendo.
A NECESSIDADE SECRETA DE CADA UM É QUE DESTRÓI ILUSÕES E CONSTROI O QUE ESTÀ POR VIR!

segunda-feira, 9 de março de 2009

Natal 2008

Natal é o arremate do calendário, a compensação por tanto trabalho, o prêmio pelo bom comportamento, a hora de colocar uma roupa bonita e ter algum desejo atendido, a hora de comer umas delícias diferentes, de rezar, de acreditar em todos os sonhos. Finalmente quando chega o dia 24 é hora de esperar Papai Noel.

Mal entra dezembro e com ele, trovoadas, os shoppings lotados, o trânsito entope, os filhos pedem coisas caríssimas e ganham antes mesmo da noite feliz. Comprar, comprar, comprar. Você, meio sem grana, faz o que pode. Os outros, meio sem nada, as pessoas fazem que não vêem. Mas eles estão entre nós: crianças pedindo um lápis, um colchão de presente, sonhando com o primeiro iogurte de suas vidas. E a gente voando de um lado para o outro, sem tempo pra eles.

Ao menos este dezembro insensato, ansioso, consumista, ateu, que dura 24 dias febris, onde todos correm, todos estão atrasados, todos têm compromissos inadiáveis, desejamos que todos se atenham ao espírito da coisa.

Antes de começar a contagem regressiva para o próximo, temos hoje. Temos este hiato, o dia 25. Um feriado, uma quinta, uma trégua. No natal, ande a pé, no máximo de bicicleta. Fale mais pausadamente. Não ligue a TV, prometa. Natal é dia de caminhar devagar, de chinelo ou pés descalços. Dia de olhar bem fundo nos olhos do porteiro, do motorista de ônibus, do garçon que está trabalhando, e desejar a eles um feliz Natal pra valer. Com sentimento. Um sentimento que não seja medo nem angústia.

domingo, 21 de dezembro de 2008

retrospectiva 2008

2008 “foi” um ano fantástico, praticamente um “ano luz”, tudo parece que foi ontem... Conheci pessoas incríveis e outras terríveis. Aprendi que caráter é a mais importante das virtudes, haja vista beleza ou o caralho a quatro, ou um ou outro, quem não tem caráter não merece fazer parte da minha biografia!
Agora dei pra me emocionar cada vez que falo dos amigos. Deve ser a idade, dizem que a gente fica mais sentimental. Mas é fato: quando penso no que tenho de mais valioso, os amigos aparecem em pé de igualdade com o resto da família. E quando ouço pessoas dizendo que amigo, mas amigo meeeesmo, a gente só tem dois ou três, empino o peito e fico até meio besta de tanto orgulho: eu tenho muito mais do que dois ou três. São uma cambada.Há sempre algo sublime no ar entre dois amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra. Afeto, certamente. Cumplicidade? Mais do que cumplicidade. Sintonia?Oh, céus! Santa pieguice, Batman! Amor? Esta lengalenga de novo? Sério, só mesmo amando um amigo para permitir que ele se atire no seu sofá e chore todas as dores dele sem que você se incomode nem um pingo com isso. Só mesmo amando para você confiar a ele o seu próprio inferno. Lembram Vinícius de Moraes? “ Eu poderia suportar, ainda que não sem dor, que morressem todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos” Alguns amigos se foram cedo, antes do que a gente esperava... Meu caro amigo me perdoe, por favor se eu não lhe faço uma visita. Meu caro amigo eu não pretendo provocar nem atiçar suas saudades, mas acontece que não posso me furtar a lhe contar as novidades: Aqui na terra tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock'n'roll. Uns dias chove, noutros dias bate sol. Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta. Muita mutreta pra levar a situação, que a gente vai levando de teimoso e de pirraça. E a gente vai tomando e também sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão. É pirueta pra cavar o ganha-pão, que a gente vai cavando só de birra, só de sarro. E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro ninguém segura esse rojão.”(Chico Buarque)
Temos que passar pela primavera, pelo verão, pelo Natal, pelo Ano-Novo, pelo Carnaval, pela Páscoa e ainda entrar no outono e no inverno... Sou uma mulher planejada, mas não consigo me antecipar tanto assim aos fatos. É bastante provável que eu esteja viva em maio de 2009, mas não posso garantir que não estarei envolvida com um problema de família, ou com uma viagem marcada para o Exterior, ou com uma dor-de-cotovelo gigantesca, daquelas que nos jogam na cama e nos fazem esbravejar diante da palavra Alegria. Ok, tudo desculpa esfarrapada, mas a verdade é que não quero deixar nada agendado para o ano que vem. Deve ser coisa da idade, claro. Quero parar o tempo, e não ser empurrada lá pra frente.
Fico imaginando que casais de namorados que compraram pacotes de viagem de carnaval três meses atrás (quando um cartão de crédito fez uma tentadora promoção) talvez não estejam mais juntos ano que vem. Mas estarão no mesmo barco, rosnando educadamente um para o outro. Mulheres que compraram o ingresso em julho passado para o Circo de Soleil ano que vem, talvez tenham engravidado logo depois e estejam saindo da maternidade no dia do espetáculo. Algumas pessoas terão, neste meio tempo, recebido uma proposta de emprego, só que em outro Estado. Alguns poderão estar passando por dificuldades financeiras e acabarão vendendo seus ingressos na entrada, feito cambistas. Vá saber como estará sua vida ano que vem.

Acredito nas voltas do mundo, nas surpresas que nos aguardam, na velocidade das mudanças. Isso me impede de agendar compromissos com tanta antecedência, pois daria a entender que tenho controle sobre meu destino, e não tenho, ninguém tem. Não me comprometo com eventos profissionais muito longe do meu hoje, não reservo mesa em restaurantes da moda que possuem uma fila de espera de semanas, não compro bilhetes de viagem para datas que não possam ser anotadas na agenda que estou usando agora.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

http://rochamarcela.blogspot.com/
MULHERES POSSÍVEIS..

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.Sou a Miss Imperfeita. Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, compro minhas roupas e pago minhas cervejas.
Às vezes arranjo um namorado ou um affair e sempre tenho tempo pra eles...um almoço rápido, um filme sem começo e nem fim, um arroz fresco, uma mandioca dura, um macarrão ao dente e finais de semana incríveis!
Escrevo pro meu blog e respondo toneladas de e;mails todos os dias! Vou ao ginecologista de 4 em 4 meses, faço limpeza nos dentes de 6 em 6, freqüento endocrinologista com freqüência e nunca esqueço do meu anticoncepcional, todos os dias, impreterivelmente.
Revejo os amigos do Orkut, lembro dos aniversários, compro presentes para os chás de panela e mando reformar minhas roupas a cada três meses quando engordo ou emagreço cinco quilos.
A cada dia faço minha agenda, mas só lembro de olhar uma vez a cada dois meses. Quando paro pra pensar enlouqueço, todos os dias são milhares de coisas e daqui a cinco anos ainda vou ter que lembrar de trocar meu silicone!
Passo horas sem tempo para comer e quando o Buffet esta na minha frente preciso medir as colheres de arroz, trocar a batata por alface, tomar suco com adoçante, evitar frituras e farinha branca, e duro!
Faço minhas unhas sagradamente toda semana e cada vez escolho uma cor nova. Pinto o cabelo a cada 2 meses, corto a cada três e sobrancelha faço a cada 15 dias! Providencio os saltinhos dos meus sapatos que nunca duram muito e preciso tirar o pó da minha estante diariamente.
Lavo meu banheiro a cada dois dias e meus all stars toda segunda feira. Trabalho dez horas por dia, tenho aula a noite, faço monografia, vou a academia cedo e ainda dou conta de todo o resto....
Leio livros e me intero das noticias! Vou a ao menos a uma festa por semana e durmo de madrugada pelo menos três vezes!
Tudo isso deve ser porque sou mulher!!!
Nao sou disciplinada e nem boa em dizer NÃO. E dizer NAO deve ser um milagre!
Quando eu nasci, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e me apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento eu seria modelo para os outros.
Eu sou, humildemente, uma mulher. E uma vida interessante não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
Existir destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.Eu privilegio cada pedacinho de mim. E acho que nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.Desde que me lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
Não concordo que o passar dos anos exija mais freio do que aceleração. Muitas mulheres sonham em ser premiadas com uma vida pacata e bucólica, DEUS permita que não seja eu!
Se eu precisar vender a alma ao diabo para ter luxo, prefiro lixo! As coisas mais simples da vida podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.

Marcela Rocha e Martha Medeiros

terça-feira, 23 de setembro de 2008

agosto de 2008

O mundo esta tão corrupto, instável, mentiroso, exagerado e injusto que só confio no que posso provar com os próprios sentidos. Em um mundo de desordem, desastres e fraudes, o prazer não pode ser sucateado. Algumas vezes só a beleza merece confiança. Portanto dedicar se a criação e ao usufruto da beleza nem sempre, necessariamente e uma forma de ater se a realidade, quando o resto esta se desfazendo em retórica e trama...Às vezes me culpo por me render aos prazeres mais superficiais. Ma afinal o que há de tão discrepante nisto... Continuo mantendo minha integridade a fio de aço. Meu livro de cabeceira e cama sutra... Não acho que eu deva ser vitima de opiniões maledicentes só porque minha libido esta a flor...Algumas pessoas sonham em ser premiadas com uma vida pacata e bucólica, Deus permita que não seja eu! No entanto respeito os vestidos longos, os cabelos compridos e as virgenzinhas que fazem questão de declararem sua sexualidade ortodoxa aos quatro cantos.Quando você sente um tênue potencial de felicidade depois de épocas sombrias, precisa agarrar essa felicidade com todas as suas forças. Não e egoísmo e sim libertação. Nos recebemos a vida e e nosso dever encontrarmos alguma coisa de belo nessa vida, por mais ínfima que seja.Talvez eu ainda não saiba totalmente o que mereço, mas sei que me recuperei graças às alegrias dos prazeres mais inofensivos, e tornei me alguém muito mais intacto. E tenho a esperança de que a expansão de uma pessoa, ampliação de uma vida, seja realmente um ato de valor nesse mundo. Mesmo que essa vida, só dessa vezinha, por acaso seja minha e de mais ninguém.Eu já enfrentei uma depressão, não séculos de tirania assassina. Tive crise de identidade, mas também tive recursos. O que me ajudou a recuperar minha dignidade foi a idéia de que apreciar o prazer pode ser a ancora de humanidade de uma pessoa.E claro que não estou fazendo apologia à orgia, a jogos, a sexo sem camisinha com o cara mais gostoso da cidade... e nem a se apaixonar pelo garanhao do bairro, porque esta tentativa de elevar a auto estima pode cair por terra e desandar todo o processo. E nem a reduzirmos nossos prazeres a festas cheias de playboys ou bichas enrustidas que desfilam com três mulheres na mesma noite para disfarçarem tamanha impotência. Mas de vez em quando que mal tem afinal...A linha que separa o usado de quem esta usando e muito tênue e a isso sim devemos nos ater.Nao me culpo por ter passado um mes a esmo no Rio de Janeiro numa tentativa de me resgatar de um turbilhao de indecisoes... os prazeres, ainda que mais medíocres que possam parecer, se forem inofensivos, carpe diem!!! Nao que um mes a esmo em pleno Rio de Janeiro seja mediocre... e exatamente milagroso!E claro que isso exige maturidade, sexualidade, inteligência e independência emocional. Então minha cara, se você ainda esta disposta a encurralar se numa cúpula de culpa e tornar se vitima do primeiro vagabundo que lhe chamar de “minha princesa” melhor mesmo sintetizar os prazeres em livros de auto ajuda.Alias, este texto esta justamente parecendo uma carta conselho da mais nobre das feministas para as pseudo mulheres modernas que ainda sonham com a pré revolução da década de 70. Pior que não e nada disso. Eu mesma tenho que ler e reler o que escrevo cem vezes pra atravessar a linha tênue, e passar a usar... Mas o melhor de tudo isso e esse censo critico que nos devora depois que fomos devoradas!!!!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Artigo de julho de 2007

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Quando passamos dos 25, bunda dura é demodê e usar barriga de fora é atentado ao bom senso. Ser feminina é ser natural, bonito é ter calma. Na nossa idade beber demais é falta de vergonha, inteligência é afrodisíaco, cabelo muito loiro é ridículo. Idade difícil essa em que tudo o que fazemos forma opinião, festa demais é atraso de vida, muito trabalho é dormir no ponto, temos que ser 10 em 1 e ponto!!!!

O que eu quero é um pouco de paz e mente aberta! Ah! Um pinto duro está de bom tamanho, ou melhor, e de bom tamanho! Não espero muito de homem nenhum, todos têm ou suas infantilidades, galinhagens ou neoroses!

Quero me desapegar do que me atrasa e retrai. Defuntos são defuntos e não adianta serem esbeltos e nem terem cordões de ouro. O que deixamos nessa vida são memórias e histórias. E por isso desejo ter sempre mais história para contar do que coisas para mostrar.

Desejo amores súbitos e efêmeros talvez. Filhos desejarei daqui a uns quatro aniversários.

Não quero mais me contagiar com a realidade sórdida do mundo, nem quero que as cantadas baratas dos velhos mal casados me tirem o humor. Nem que os estúpidos que nos xingam no trânsito me façam perder o juízo, que os imprevistos que saem caros, as contas pra pagar, os discos do freio do carro; diabo de coletâneas caríssimas que não tocam música; as multas por distração, quando não por estarmos falando no celular em lugares que nunca estivemos, me deixem descrente.

Quero acreditar na inocência de todo cretino e sambar qualquer bolero... "É preciso saber viver"! Nessa vida que quem não tem jogo de cintura não faz mais do que existir.

Não quero mais me revoltar porque os honestos se lascam e os éticos enfrentam fila.E nem tão pouco fingir de grávida ou me envolver com político.

Quero que a gente se una sempre em busca da esperança sem mexer com as sogras. Deixemo-las e as respectivas caixinhas por conta da funerária São José!

É isso que desejo a todas nós, um pouquinho mais de calma e muito senso de humor!

Os idosos continuam nos trânsitos e, aliás, o trânsito!!! Bendita indústria automobilística, eu quero ser abduzida!!! "Eu quero uma casa no campo, um cantinho melhor pra nós dois...." Puta que pariu que eu mantenha a PORRA DA CALMAAAAAAAAAA!!!!

Pessoas miseráveis pintam as calçadas em pleno domingo sob sol africano e playboys cretinos debocham , isso quando não passam por cima de seus pés!

Moças sérias trabalham o mês inteiro por um salário medíocre. Pagam juros indecentes em lojas de eletrodomésticos impiedosas que treinam vendedores para abordarem o cliente quando mal pagaram metade das prestações e os iludirem com mais e mais e os extorquirem. Moças que no final do dia pegam dois ônibus para chegarem em casa quando não são impedidas e espancadas por um bando de marginais da classe média. Pessoas pobres que pagam um preço sem vergonha para andarem em ônibus caindo aos pedaços enquanto o Roriz brinda com o Wagner Canhedo o aumento das passagens da VIPLAN.

E eu desejo que mantenhamos a calma! Que sejamos sempre corteses e que a gente tenha sorte!!!!
As pessoas vivem numa eterna agonia do "pra ontem" numa ansiedade incessante de viverem porque a morte vem à bala. “À bala” que matem a impunidade de lobistas ordinários, de políticos descarados, de propinas diárias!

Eu não quero me revoltar com os gigolôs que esnobam carros importados que nunca começaram a pagar e nem com as prostitutas de luxo que se esbaldam na Oscar Freire.

Preciso fazer mais caminhadas e yoga para conceber o preço da gasolina e os juros do meu cheque especial. Eu quero ter calma para financiar sem do os champagnes importados do avião da presidência a custo das minhas férias fazendo hora extra.

Ora bolas! O tempo não pára e a corrupção não dá uma trégua! Vítimas da “cassação” são os pobres animais em extinção. Os animais selvagens do governo continuam impunes e convenhamos, nem perto de entrarem em extinção.

Não quero me corromper e nem ganhar 10 mil reais para enfeitar gabinetes e “contribuir” com os cofres públicos!

Deus permita que eu tenha paz e que meu ópio seja a religião! Quero ter calma e sanidade para viver bem nesse país onde o de cima sobe e o debaixo desce. Então vamos nos unir em busca de qualidade de vida antes que outros enriqueçam a custo dos nossos cânceres, úlceras ou gastrites nervosas, porque plano de saúde também se tornou artigo de luxo!

Texto de Marcela Rocha


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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mulheres da pre revolucao da decada de 70

Talvez as ultimas coisas que escrevi e que vesti e que amei tenham sido um erro. Algumas pessoas com quem andei e alguns lugares por onde passei... mas as coisas estão mudando numa velocidade incrível e nossa ansiedade atropela a ordem cronológica dos fatos porque a morte vem a bala. Se eu tivesse nascido em 1970 acharia o Brasil o melhor pais do mundo e teria um pôster do Medici na parede do quarto. Imagina ter assistido a final da Copa do Mexico, Brasil 4x Italia 1, histeria nacional! A década de 70 foi o Milagre Brasileiro. Naquela época eu certamente sonharia em casar-me virgem com um príncipe encantado. Bastaria assistir Regina Duarte e Francisco Cuoco em Selva de Pedras para aguçar meus sentidos mais libidinosos...Em 2000 eu estava com 18 anos, meu primeiro namorado era narciso, psicótico, dramático, machista e egoísta. Sim, apesar dele me acordar de madrugada para esticar o lençol da cama, eu o amava. Desde de esse tempo eu já era tragada pela pessoa amada. Dei lhe meu tempo, minha dedicação,meu dinheiro, minha família, tudo! Carreguei as dores dele, proteji-o da própria insegurança e de todas as qualidades que ele nunca cultivou em si mesmo. Depois disso, a única maneira de recuperar minha energia seria me apaixonando por outra pessoa. Eu o fiz e vivi 3 anos mágicos...Agora estou com 26 anos e malhação e adolescentes não tem mais a menor graça! Imaginem como as coisas estão se tornando mais difíceis... não sou alienada como as mulheres da pré- revolução feminista da década de 70, eu não adoro ser mulher! Alias, eu acordo homem e só me sinto mulher a noite na cama se estiver apaixonada porque neste caso não faço a menor idéia de onde vão parar minhas idéias viris... Nascer do lado cor de rosa da vida e ter os homens puxando a cadeira pra você deve ser maravilhoso, mas a realidade não e mais assim. Imagino que esteja vivendo no lado verde da vida. Resolvo tudo sozinha porque neste mundo capitalista, às vezes temos que vender a alma ao diabo por um favor. Claro que a grosso modo porque só por me darem ouvidos quando eu resolvo falar ou chorar, minhas amigas deveriam ir para o céu... já para me ajudar com um emprego, um rapaz certamente me cobraria muito mais do que a alma...Vivemos nesta busca desenfreada de um emprego que nos remunere bem. Estamos mais exigentes e tudo e mais caro. Deixar os homens pagarem as contas e um luxo que pode sair muito caro depois, nos queremos nos bastar! E alem do emprego queremos um homem. Ser bonito educado não basta mais. Os bons de cama não duram mais de uma semana se não forem inteligentes, bem sucedidos, nobres, cozinheiros, viajados, adoradores de boas musicas e loucos pra casar. O que vemos por ai são playboys ou bichas enrustidas que desde a cabeça até o bico dos sapatos,são mensagens,letras falantes,gritos visuais,ordem de uso, abuso, reincidência,costume, hábito, premência,indispensabilidade... homens-anúncios itinerantes,escravos da matéria anunciada que só escutam musicas eletronicas da moda. Os homens disponíveis completam 30 anos e suas experiências pelo mundo são raves, barcos e três dias de festa sem parar à custa de muita água...O mercado esta em crise! Os homens ainda não conceberam a idéia de uma mulher moderna e inteligente que já vai estar em outra cidade com o novo futuro marido enquanto ele almoça com a secretaria no motel.O fato e que dei uma virada radical na minha cabeça. Se um homem quer pagar sozinho a conta do restaurante, aceito a gentileza sem discussão. Não e isso que determina se uma mulher e moderna ou careta. Mas precisar da autorização do namorado para sair com as amigas ou para aceitar um emprego, ai não há romantismo nenhum.Se os anos 60 foram a infância do movimento feminista, os anos 70 foram sua adolescência com o desbunde pelo novo. E só depois de adulta, foi que a farra começou!!!!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

terça feira 26 de agosto

O mundo esta tão corrupto, instável, mentiroso, exagerado e injusto que só confio no que posso provar com os próprios sentidos. Em um mundo de desordem, desastres e fraudes, o prazer não pode ser sucateado. Algumas vezes só a beleza merece confiança. Portanto dedicar se a criação e ao usufruto da beleza nem sempre, necessariamente e uma forma de ater se a realidade, quando o resto esta se desfazendo em retórica e trama...Às vezes me culpo por me render aos prazeres mais superficiais. Ma afinal o que há de tão discrepante nisto... Continuo mantendo minha integridade a fio de aço. Meu livro de cabeceira e cama sutra... Não acho que eu deva ser vitima de opiniões maledicentes só porque minha libido esta a flor...Algumas pessoas sonham em ser premiadas com uma vida pacata e bucólica, Deus permita que não seja eu! No entanto respeito os vestidos longos, os cabelos compridos e as virgenzinhas  que fazem questão de declararem sua sexualidade ortodoxa aos quatro cantos.Quando você sente um tênue potencial de felicidade depois de épocas sombrias, precisa agarrar essa felicidade com todas as suas forças. Não e egoísmo e sim libertação. Nos recebemos a vida e e nosso dever encontrarmos alguma coisa de belo nessa vida,  por mais ínfima que seja.Talvez eu ainda não saiba totalmente o que mereço, mas sei que me recuperei graças às alegrias dos prazeres mais inofensivos, e tornei me alguém muito mais intacto. E tenho a esperança de que a expansão de uma pessoa, ampliação de uma vida, seja realmente um ato de valor nesse mundo. Mesmo que essa vida, só dessa vezinha, por acaso seja minha e de mais ninguém.Eu já enfrentei uma depressão, não séculos de tirania assassina. Tive crise de identidade, mas também tive recursos. O que me ajudou a recuperar minha dignidade foi a idéia de que apreciar o prazer pode ser a ancora de humanidade de uma pessoa.E claro que não estou fazendo apologia à orgia, a jogos, a sexo sem camisinha com o cara mais gostoso da cidade... e nem a se apaixonar pelo garanhao do bairro, porque esta tentativa de elevar a auto estima pode cair por terra e desandar todo o processo. E nem a reduzirmos nossos prazeres a festas cheias de playboys ou bichas enrustidas que desfilam com três mulheres na mesma noite para disfarçarem tamanha impotência. Mas de vez em quando que mal tem afinal...A linha que separa o usado de quem esta usando e muito tênue e a isso sim devemos nos ater.Nao me culpo por ter passado um mes a esmo no Rio de Janeiro numa tentativa de me resgatar de um turbilhao de indecisoes... os prazeres, ainda que mais medíocres que possam parecer, se forem inofensivos, carpe diem!!! Nao que um mes a esmo em pleno Rio de Janeiro seja mediocre... e exatamente milagroso!E claro que isso exige maturidade, sexualidade, inteligência e independência emocional. Então minha cara, se você ainda esta disposta a encurralar se  numa cúpula de culpa e tornar se vitima do primeiro vagabundo que lhe chamar de “minha princesa”  melhor mesmo sintetizar os prazeres em livros de auto ajuda.Alias, este texto esta justamente parecendo uma carta conselho da mais nobre das feministas para as pseudo mulheres modernas que ainda sonham com a pré revolução da década de 70. Pior que não e nada disso. Eu mesma tenho que ler e reler o que escrevo cem vezes pra atravessar a linha tênue, e passar a usar... Mas o melhor de tudo isso e esse censo critico que nos devora depois que fomos devoradas!!!!